quarta-feira, janeiro 20, 2010

Vozes

Já era sabido
do estampido de pólvora seca de sua voz
percorrendo-me até a raiz dos meus pés,
fixando ao chão minha gravidade pessoal,
órbita particular e livre
(prisão seria a fuga,
um mundo inteiro de exílio,
hesitação, portas demais).

Já era sabido
do rugido incapaz de rasgar janelas.
Não se matava um leão por dia,
os colocava para dormir com doses
de voz mansa e promessas de outras
manhãs.

(Sempre haverão outras manhãs,
e depois mais outras,
escondendo as noites atrás das pálpebras.)

E mais palpável do que o já sabido
só o improvável riso no meio da rua,
rio,
as águas inundam todas as vozes.
(Embargam a minha)

Um comentário:

Mensageiro Literário disse...
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