tragédias
a cobertura midiática de eventos criminosos é sempre espantosa. Principalmente de eventos onde a identificação de todos é mais fácil: um casal comum, com um fim de namoro corriqueiro, mas que uma das partes não aceita tão bem. Todo mundo pode se relacionar a isto. Mas, de repente, algo extremo - reféns, ameaça, morte. Com essa parte não nos identificamos, ao menos conscientemente, ou queremos pensar que não. Esse é o ponto: qualquer um é capaz de atos extremos. Qualquer um. Uma frase do Terêncio, dramaturgo romano de muito muito tempo atrás, sempre volta a minha mente, sempre causa um efeito de estar diante de muita sabedoria: sou humano, nada do que é humano me é estranho.
A sensação que fica, no final das contas, é que toda essa cobertura da mídia é a tentativa de dar sentido a algo tão díspar, tão "desumano". Admitir que o mundo é imprevisível é amedrontador. Admitir que o ato dele é totalmente humano também é amedrontador. É preciso pintá-lo como um monstro, como alguém que nunca vamos ver ao olharmos num espelho.