segunda-feira, outubro 20, 2008

tragédias

a cobertura midiática de eventos criminosos é sempre espantosa. Principalmente de eventos onde a identificação de todos é mais fácil: um casal comum, com um fim de namoro corriqueiro, mas que uma das partes não aceita tão bem. Todo mundo pode se relacionar a isto. Mas, de repente, algo extremo - reféns, ameaça, morte. Com essa parte não nos identificamos, ao menos conscientemente, ou queremos pensar que não. Esse é o ponto: qualquer um é capaz de atos extremos. Qualquer um. Uma frase do Terêncio, dramaturgo romano de muito muito tempo atrás, sempre volta a minha mente, sempre causa um efeito de estar diante de muita sabedoria: sou humano, nada do que é humano me é estranho.

A sensação que fica, no final das contas, é que toda essa cobertura da mídia é a tentativa de dar sentido a algo tão díspar, tão "desumano". Admitir que o mundo é imprevisível é amedrontador. Admitir que o ato dele é totalmente humano também é amedrontador. É preciso pintá-lo como um monstro, como alguém que nunca vamos ver ao olharmos num espelho.

2 comentários:

agente laranja disse...

Lembro de reações ao filme "A Queda". Era um absurdo retratar o lado humano de alguém como Hitler, que seria "um monstro". Chega a ser perigoso pensar desse jeito; se não compreendermos o mecanismo humano que leva uma pessoa a tanto, estamos nos expondo a possibilidade de permitir que mais de nós cedam a essa loucura.

Enfim, todos nós deveríamos ser mantidos longes de armas de fogo. Alguns, também, de objetos cortantes...

Anônimo disse...

Concordo, ninguem é totalmente bom ou totalmente mau e isso assusta algumas pessoas. A generalizaçao é uma forma de compreensão e a imprensa usa isso sempre, infelizmente nem sempre de forma correta o que por vezes gera preconceito..