quarta-feira, abril 25, 2007

Grande Sertão

Acho incrível, a surpresa de encontrar algo que você já pensou na voz de outro, seja gente vivida ou gente criada, como o trecho que vou citar, do Grande Sertão: Veredas:

""Essas são as horas da gente. As outras, de todo tempo, são as horas de todos" - me explicou o compadre meu Quelemém. Que fosse como sendo o trivial do viver feito uma água, dentro dela se esteja, e que tudo ajunta e amortece - só rara vez se consegue se subir fora dela, feito um milagre: peixinho pediu. Por que? Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois."



3 comentários:

Joana disse...

Quelemém.

Vinicius disse...

Olá Guilherme, me desculpe a invasão, mas eu também acho isso maravilhoso, e com o Grande Sertão acontece muito isso, eu encontro os meus pensamentos escritos de maneira inteligível e magnificamente escrita, não sei se com voce é assim também, e só achei este seu "blog" pois procurei no google o comecinho dessa frase, que queria mandar para uma amiga, e só tinha aqui! Achei demais!...
Muito obrigado pela ajuda, agora não vou ter que escrever tudo, pois ja escrevi muitas vezes esse, só que agora estava com preguiça...

Bom, é isso ae, se quiser trocar uma idéia curto muito falar sober o sertão, sobre guimarães, é só falar!

Um abraco

Vinicius Ferez

vinilferez@hotmail.com

Mensageiro Literário disse...

É, é assim mesmo, cresce primeiro e brota depois. E nem há tempo de dizer não. Fica-se lá no fundo engolfado de sentimentos tentando subir como um peixinho.