sábado, novembro 04, 2006

brincando...

Passam as horas como minhas pálpebras, que apenas se fazem presentes quando não posso ver. Passam meus pensamentos como névoa, o inverso da noite nítida que tanto me encantou ontem. Ontem – as duas vogais anasaladas da palavra a faz parecer mais longa do que é. Meu ontem sempre vai ser do tamanho do meu hoje. O mundo sempre vai ser um pouco maior que meus olhos. O sol sempre vai caber na palma da minha mão. O vento só cabe na pele (ou quando forte também nos ouvidos). O riso, quando bom, não cabe na boca, espalha pelos olhos e pela barriga. A madrugada quando é assim parece maior do que o tempo. De novo a névoa envolvendo as palavras que escrevo, que não me levam a lugar nenhum. De novo eu brigando com as palavras, mas aquela briga de criança, que é mais brincadeira do que qualquer outra coisa. Brigas que não deixam cicatrizes. Eu poderia continuar escrevendo sobre nada por horas, quando na verdade quero tudo.

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