quinta-feira, novembro 16, 2006

Elas

Uma me atualizou seu passado, falou de coisas que, quando éramos próximos, não falava (acredito que há aproximação através da distância). Uma outra me fez perguntas, muitas (ficou em mim uma dúvida: quanto se fala de você quando está se conhecendo alguém? Resolvi não esconder as partes que geralmente se esconde, pra que surpresas ruins depois?). Outra parece me seguir, torna a cidade de São Paulo pequena, desfaz o labirinto (difícil andar anônimo hoje em dia, a rotina faz os caminhos serem previsíveis). Outra ainda é revisitada em minha memória, uma busca de pistas que nunca aparecerão (não é totalmente humano buscar um ponto final para tirar sentido de alguma coisa?). Encontrei uma outra, outro dia. Só ela consegue me deixar nervoso dum jeito que não fico mais (é algo na frieza, na distância imposta, parece brigar com o mundo e seus movimentos). Outra me fala das tristezas, tem um rancor de quem acredita no destino (aquela crença de que há um deus escondido que só tem olhos para ela, e passa todo seu tempo arquitetando planos mirabolantes para tornar sua vida ainda pior). Outra mora longe, muito longe. Estive com ela por apenas três horas, e ela pareceu me conhecer melhor do que qualquer outro (o que é incrível - eu, fechado, fui atravessado por seu olhar de raio-x) Outra é eufórica, energia de menino de oito anos (sim, menino, ela é um moleque). Outra perdeu a confiança em si (e quando se perde isso, perde-se também a audição, me parece – não adianta falar o contrário, elogiar, etc). Ainda muitas outras por vir, um universo inteiro que não me pertence, uma outra lógica, um outro jeito de funcionar e agir. Parece que há em nós um espaço infinito para novas pessoas, mas acho que não... só de pensar em quantas delas (estas que passaram e passam por minha vida) eu já esqueci...

Um comentário:

Marisco disse...

Boa reflexão, amigo.

bjos